O Karate é uma arte com grande herança cultural e muitas particularidades, graça às suas origens em Okinawa e ao contexto histórico de seu desenvolvimento. Para entender o Karate é preciso conhecer essas raízes ou corremos o risco de nos apegarmos a mitos, senso comum e mero achismo. Essa falta de conhecimento não é incomum e leva à prática e transmissão de uma arte diluída, mal compreendida, incompleta. Dominar o Karate exige não só repetição exaustiva dos movimentos, mas estudo.
Um antigo mestre disse que o Karate é uma arte para pessoas cultas. Isso se reflete na busca constante que é intrínseca à filosofia do Karate. Não se trata de ser um sabe-tudo, mas ter a iniciativa de aprender, reavaliar e amadurecer sempre. E para isso é preciso de contexto e compreensão de como chegamos onde chegamos. Os karatekas do passado eram desbravadores e nos deixaram esse exemplo, de continuar explorando e praticando o melhor que podemos. Isso é manter a tradição.
Obviamente, há níveis nos quais uma pessoa se debruçará ao estudo histórico e cultural do Karate, dependendo de seu próprio comprometimento com a arte. Alguns têm o treino como hobby enquanto outros procuram ser especialistas. Mas saber o mínimo sobre as origens e fundamentos do que se pratica é essencial. Para professores, é questão de responsabilidade, para que possam ensinar a arte de forma adequada e não errarem na transmissão de conceitos por desconhecimento.
Mas se aprofundar no Karate não é algo maçante. Pelo contrário, o Karate é uma arte fascinante, tanto por seu escopo quanto por tudo que a transformou na arte marcial que temos hoje. Então não deixe de estudar, questionar, testar, aprender e constatar cada vez mais que temos um legado precioso em nossas mãos.
(Foto: Chojun Miyagi, fundador do Goju-Ryu, supervisionando a prática de kata de seus alunos)