Um discurso comum, mas verdadeiro, é que em certos aspectos a sociedade está passando por um processo de degradação. Ao mesmo tempo em que temos avanços sociais e que discussões importantes vêm à tona, há uma forte cultura de individualismo e ódio vigente, onde só importa o que é conveniente para você, independente dos meios, e o outro (especialmente o diferente) acaba sendo tratado como menos que humano. Vemos isso em várias frentes, desde discussões ideológicas, na política, nas disputas no ambiente de trabalho ou mesmo em brigas por simples assento no metrô. Algo fundamental está faltando.
Em paralelo, temos cada vez mais tecnologia, mas totalmente mal utilizada. Com os smartphones, temos conhecimento antes inimaginável na palma da mão, mas a maioria das pessoas usa apenas para trivialidades. Crianças ficam viciadas em joguinhos e não conseguem focar em mais nada além disso, sempre buscando formas de recompensa instantânea e até mesmo ignorando quem tenta falar com elas. Adultos utilizam o Whatsapp para conversas frívolas, postam frases de efeito vazias nas redes sociais e muitas selfies para tentar massagear o ego, mas com pouco efeito prático para qualquer coisa.
Há um desperdício de potencial humano e energia. Então, como retomar o foco e cultivar uma cultura mais consciente com relação aos seus hábitos e ao seu comportamento com o mundo a sua volta? A resposta é complexa, mas certamente uma prática que pode colaborar – e muito – para melhora deste cenário é o Karate-Do.
Parece irônico, mas esta arte de autodefesa criada humildemente pelo povo de Okinawa, há centenas de anos, se mantém relevante e atual em pleno século XXI. Talvez não pelos mesmos motivos com que foi originalmente concebido, mas o Karate ainda é muito relevante e pode fazer grande diferença na vida das pessoas. Isso porque Karate é uma ferramenta de mudança social.
O “do” em Karate-Do significa caminho, no sentido filosófico do termo. Ao praticar e aprender os ensinamentos do Karate, um indivíduo deve trilhar um caminho de autodescoberta e crescimento pessoal que vai ajudá-lo não apenas a dominar a arte, mas a assumir determinadas posturas que poderão influenciar positivamente no relacionamento com seus familiares, nos estudos e no trabalho.
Um ponto importante é que o Karate-Do é uma arte que cultiva o respeito. Desde o momento que se entra no dojo, deve-se prestar reverência ao mestre e aos demais companheiros. Este hábito não é para criar submissão, mas para reconhecer quem começou a trilhar o caminho antes de você, bem como reconhecer os colegas que trilham este caminho ao seu lado inclusive dispostos a ajudá-lo.
Ajuda mútua, cuidar dos companheiros, agradecer pelo treino e demonstrar respeito, apesar das diferenças, são práticas comuns em uma escola de Karate séria. Você pode não ir muito com a cara de um colega ou discordar de alguma atitude que ele possa ter, mas na hora do treino a única coisa que importa é manter uma postura de seriedade e de trabalho em conjunto. Olhar nos olhos e fazer os cumprimentos com boa vontade. Mesmo dentro de uma luta de torneio, o espírito competitivo não pode anular o respeito.
No dojo, além das técnicas de Karate, se desenvolve a empatia e o senso de comunidade. Orientar os novatos, ajudar na divulgação e zelar pela organização do dojo são responsabilidades de todos. E essa mentalidade de colaboração precisa ser transportada para a vida do lado de fora. Os valores do Karate são valores para a vida. Logo, ao aprender a ser respeitoso durante a aula, o praticante de Karate deve ser respeitoso com os familiares, no trânsito, na fila do banco, no metrô lotado… Não importa onde estiver.
A batalha contra o próprio ego é outro grande desafio imposto pela prática. Quem acha que está no ápice ou que já aprendeu 100% alguma técnica ou de um conceito na verdade está se enganando e se estagnando. O comportamento pessoal deve ser sempre lapidado, buscando não ser arrogante, impulsivo ou negligente. O espírito do karateka deve ser de humildade e de estar aberto para rever o que já sabe, descobrir novos meios e aprender constantemente, pois só assim ele sempre será sua melhor versão. O caminho do aprendizado e da autodescoberta duram a vida inteira.
Outro ponto é que o treino do Karate exige foco e determinação. É impossível evoluir na arte ou como pessoa fazendo as coisas de qualquer jeito. Durante as aulas, o karateka encontrará as mais variadas dificuldades e obstáculos para aprender as técnicas ou aprimorar os movimentos, mas deve ter consciência que a forma de superar estes desafios é treinar muito, observar o exemplo dos veteranos e não desistir. Karate ajuda a desenvolver a atenção e a disciplina.
Também é importante lembrar que o Karate é uma atividade física das mais completas, onde o praticante deve se movimentar da cabeça aos pés e se fortalecer. Em tempos que o sedentarismo e a obesidade estão em alta, nada melhor que uma atividade que mantenha nossa boa saúde. Naturalmente, as pessoas tendem a procurar algum exercício da moda na hora de manter a forma, mas com certeza poucas opções serão tão completas e cheias de benefícios psicológicos e morais quanto o Karate.
Não se trata de viver todos os aspectos do seu cotidiano com uma rigidez militar ou de ser sério o tempo inteiro, mas de compreender que disposição e consistência são essenciais para a evolução pessoal e para ser um membro de valor na sociedade. O praticante deve incorporar o Karate na sua vida e procurar extrair dele os aprendizados que o ajudarão a trilhar seu caminho, numa constante busca pelo equilíbrio e por ser melhor a cada dia.
Um bom professor de Karate não vai dizer aos alunos como viver suas vidas, mas, por meio da prática da arte, tentará incutir e cultivar em todos os alunos valores universais como sinceridade, respeito, empatia, disciplina e a busca constante por equilíbrio e aprimoramento. E são estes valores que nossa sociedade precisa tão urgentemente que sejam reforçados, para vivermos melhor em comunidade. O mundo precisa de mais karatekas. Por isso o Karate-Do é uma arte mais necessária do que nunca.
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